Baianas de Acarajé
Por onde você passar, lá elas vão estar. É comum a baiana de acarajé ser a primeira pessoa que um visitante tem contato ao chegar. São elas que apresentam a cidade, os costumes e os sabores de Salvador. As Baianas de Acarajé são memória histórica e afetiva da Bahia. A atividade de produção e comércio da iguaria é predominantemente feminina, e encontra-se nos espaços públicos, principalmente praças, ruas, feiras da cidade e orla marítima, como também nas festas de largo e outras celebrações que marcam a cultura da cidade. A indumentária das baianas, característica dos ritos do candomblé, constitui também um forte elemento de identificação desse ofício, sendo composta por turbantes, panos e colares de conta que simbolizam a iniciação religiosa das baianas.
Em 4 de agosto de 2000, instituiu-se o registro do Ofício das Baianas de Acarajé como Patrimônio Cultural do Brasil, no Livro dos Saberes. Foi ato público de reconhecimento da importância do legado dos ancestrais africanos no processo histórico de formação de nossa sociedade e do valor patrimonial de complexo universal cultural. Isto é também expresso por meio do saber dos que mantêm vivo esse ofício. O registro tem sempre como referência a continuidade histórica do bem cultural e sua relevância para a memória, identidade e formação da sociedade brasileira.
O Dia Nacional da Baiana de Acarajé é comemorado anualmente em 25 de novembro. A data homenageia a importância histórica e cultural da figura da baiana do acarajé, nome dado às mulheres que se dedicam à produção e venda dessa iguaria típica da Bahia. Rita Santos, uma das 12 coordenadoras nacionais da Associação das Baianas de Acarajé e que está à frente do Memorial das Baianas de Acarajé, explica:
“Tudo começou no simbólico. As mulheres escravizadas vendiam acarajé para comprar alforrias. Na segunda etapa, foram as baianas indo para a rua para mercar o acarajé para fazer suas obrigações nos terreiros, normalmente as filhas de Oiá (não poderia ser qualquer pessoa). Com o passar do tempo, se viu que, com aquele bolinho, ela poderia sustentar a família, foi quando o acarajé foi para a rua ser comercial. Ele é comercial, mas na minha cabeça ele ainda é simbólico por continuar sendo do terreiro, continua sendo sagrado. O acarajé é uma oferenda para Iansã e o abará é uma oferenda de Xangô”.
Tem um conjunto de sentidos atribuídos pela sociedade local e nacional a esse elemento simbólico constituinte da identidade baiana. A feitura das comidas de baiana constitui uma prática cultural da longa continuidade histórica, reiterada no cotidiano dos ritos do candomblé e constituinte de forte fator de identidade na cidade de Salvador. Tudo isso faz da baiana de acarajé um bem cultural.
O Memorial das Baianas de Acarajé
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