quarta-feira, 15 de novembro de 2023

A capital baiana na Chapada

 



A capital baiana na Chapada


No final do século XIX, com a Proclamação da República, e o movimento de urbanização planejada que 

levou às mudanças das capitais mineira e goiana para novas cidades "edificadas para este fim", também 

na Bahia o então governador Rodrigues Lima cogitou a mudança da capital para a região do "Alto 

Paraguaçu, proximidades da serra do Sincorá", cabendo os estudos a uma comissão chefiada pelo 

engenheiro  



                                  



"O local pretendido seria no distrito de Cascavel, hoje pertencente a Ibicoara-Ba. O lugar era promissor 

devido ao terreno ser bem nivelado, mas após avaliação técnica dos engenheiros responsáveis não foi 

aprovado pelo fato de a quantidade de água não ser suficiente para abastecer uma capital", como 

registrou 

Antônio Marcos de Almeida Ribeiro, aditando que, no mesmo período, houve a "cogitação de Lençóis 

sediar um vice-consulado francês, todavia nunca se constatou por documento a comprovação desse fato". 


                     

                   


Coronelismo: Horácio de Matos 


  (sentado) e o comando do Batalhão Patriótico Chapada Diamantina


Era a política da Chapada, no final do século XIX e começo do 

seguinte, dominada por coronéis que formavam uma rede de 

inimizades e alianças. Militão Rodrigues em Barra do 

Mendes, Dias Coelho em Morro do Chapéu, Manuel Fabrício em 

Campestre (hoje distrito de Brotas de Macaúbas), José João de 

Oliveira e Clementino Matos em Brotas de Macaúbas, eram os 

principais. Neste contexto, sobrinho de Clementino e iniciado por 

Dias Coelho de quem foi aprendiz, surge a figura de Horácio de M

atos em meio a lutas. Após obter uma trégua nas disputas com 

Militão, Horácio recebe do tio moribundo a chefia do clã e, a partir 

dali, enfrenta diversas batalhas até tornar-se intendente da 

principal cidade da Chapada à época, Lençóis. Das batalhas 

havidas nas primeiras décadas do século XX Horácio sagrou-se 

como a liderança de vasta região que lhe valeram o apelido de 

"governador do sertão" e, quando a Coluna Miguel Costa-

Prestes corta o país pregando a revolução, o "título" de coronel é 

feito fatual, chefiando então o "Batalhão Patriótico Chapada Diamantina" que persegue a Coluna desde a 

Bahia até o território boliviano, para onde fugira e se dissolvera. 

O brasilianista coreano radicado nos Estados Unidos, Eul-Soon Pang, assim resumiu o poderio de Horácio 

de Matos: "um comerciante e depois coronel guerreiro, sem instrução, de Lavras Diamantinas, na Bahia, 

foi reconhecido pelo governo federal, em 1920, como líder absoluto de uma região que abrangia doze 

municípios  com pleno direito de manter sua força armada pessoal e o privilégio de nomear seus próprios 

deputados nos legislativos estaduais e federal".  O mesmo autor ainda assinala, num subtítulo: "O 

Supercoronel Horácio de Matos e o PRD", assinalando que seu poderio somente era equiparável ao 

exercido pelo Padre Cícero, no Ceará 


Em 1931, após promover o desarmamento do sertão exigido pelo interventor no estado com a instauração 

do Estado Novo, Horácio foi preso sem acusação e, logo após ser solto, na capital, foi assassinado ao lado 

da filha de seis anos, marcando assim o fim da era do antigo coronelismo. 

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Chapada Diamantina e suas Serras