A capital baiana na Chapada
No final do século XIX, com a Proclamação da República, e o movimento de urbanização planejada que
levou às mudanças das capitais mineira e goiana para novas cidades "edificadas para este fim", também
na Bahia o então governador Rodrigues Lima cogitou a mudança da capital para a região do "Alto
Paraguaçu, proximidades da serra do Sincorá", cabendo os estudos a uma comissão chefiada pelo
engenheiro
"O local pretendido seria no distrito de Cascavel, hoje pertencente a Ibicoara-Ba. O lugar era promissor
devido ao terreno ser bem nivelado, mas após avaliação técnica dos engenheiros responsáveis não foi
aprovado pelo fato de a quantidade de água não ser suficiente para abastecer uma capital", como
registrou
Antônio Marcos de Almeida Ribeiro, aditando que, no mesmo período, houve a "cogitação de Lençóis
sediar um vice-consulado francês, todavia nunca se constatou por documento a comprovação desse fato".
Coronelismo: Horácio de Matos
Era a política da Chapada, no final do século XIX e começo do
seguinte, dominada por coronéis que formavam uma rede de
inimizades e alianças. Militão Rodrigues em Barra do
Mendes, Dias Coelho em Morro do Chapéu, Manuel Fabrício em
Campestre (hoje distrito de Brotas de Macaúbas), José João de
Oliveira e Clementino Matos em Brotas de Macaúbas, eram os
principais. Neste contexto, sobrinho de Clementino e iniciado por
Dias Coelho de quem foi aprendiz, surge a figura de Horácio de M
atos em meio a lutas. Após obter uma trégua nas disputas com
Militão, Horácio recebe do tio moribundo a chefia do clã e, a partir
dali, enfrenta diversas batalhas até tornar-se intendente da
principal cidade da Chapada à época, Lençóis. Das batalhas
havidas nas primeiras décadas do século XX Horácio sagrou-se
como a liderança de vasta região que lhe valeram o apelido de
"governador do sertão" e, quando a Coluna Miguel Costa-
Prestes corta o país pregando a revolução, o "título" de coronel é
feito fatual, chefiando então o "Batalhão Patriótico Chapada Diamantina" que persegue a Coluna desde a
Bahia até o território boliviano, para onde fugira e se dissolvera.
O brasilianista coreano radicado nos Estados Unidos, Eul-Soon Pang, assim resumiu o poderio de Horácio
de Matos: "um comerciante e depois coronel guerreiro, sem instrução, de Lavras Diamantinas, na Bahia,
foi reconhecido pelo governo federal, em 1920, como líder absoluto de uma região que abrangia doze
municípios com pleno direito de manter sua força armada pessoal e o privilégio de nomear seus próprios
deputados nos legislativos estaduais e federal". O mesmo autor ainda assinala, num subtítulo: "O
Supercoronel Horácio de Matos e o PRD", assinalando que seu poderio somente era equiparável ao
exercido pelo Padre Cícero, no Ceará
Em 1931, após promover o desarmamento do sertão exigido pelo interventor no estado com a instauração
do Estado Novo, Horácio foi preso sem acusação e, logo após ser solto, na capital, foi assassinado ao lado
da filha de seis anos, marcando assim o fim da era do antigo coronelismo.
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